nas nuvens

chegar em Recife sempre me emociona

o ar quente que eu respiro ainda na saída do avião

me arrepia cada célula, me faz sentir um frio na barriga tão bom

sair do aeroporto e me comunicar com um pernambucano

- o motorista de taxi -

faz meus ouvidos receberem o lindo sotaque como música clássica

o caminho de conversas é só a trilha sonora para a viagem de nostalgia

indicar o caminho porque sei os nomes dos bairros, das ruas, as vias...

e parar no portão verde - o portão do meu avô

ouvir a voz dele lá de dentro perguntando

"cadê a minha chave?"

ouvir Iracema, de nome forte, a fiel escudeira do meu vô respondendo a pergunta

abraçar meu avô, respirar bem fundo colada no cangote dele

aquele cheiro de vô... nooooooooooooooooooooossa!

é tudo de bom na vida.

na rua dele um monte de pés das frutas mais queridas exalando o perfume tropicaliente:

mangaba, cajá, umbu, graviola, fruta do conde, jambo, serigüela, pitomba, pitanga

é segurar as lágrimas e entregar as lembrancinhas de Brasília que a família mandou.

é comer aquele saladão com bacalhau ao leite de coco e farinha seca.

hmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm!!!

é gostinho de férias outra vez.

e claro, é trocar vídeos do youtube com meu avô até a gente ter que tomar água pra aliviar as risadas...

ver meu avô se viciando em flying dogs (valeu, quérol!) e solange, a gaga de ilhéus (valeu alunos!) é uma bola de neve, até chegarmos em frank sinatra cantando, "cantando na chuva" e a filmagem do primeiro zeppelin visto no céu brasileiro, que enche os olhos do meu vô de lágrimas, coisas que ele viu ao vivo, resgatadas pela tecnologia do youtube direto pras veias dele.

é a mais pura emoção. resultado: estou como 23 minutos antes do avião descer.

.:NAS NUVENS:.