análise racional da emoção


não sei do que gosto mais.


não sei se são das mãos secas e um pouco ásperas,

as unhas roídas na medida certa, de toque tão firme e preciso.

movimentos rápidos, apressados, movimentos chamativos...

são sedutoras


não sei se são dos pés, tão belos para serem de um homem, tão delicados e macios,

a forma tão bonita, carinhosos, sempre procurando os meus

sem personalidade exagerada.


não sei se são aqueles dentes tão juntinhos,

pequeninas estrelas que degustam tão bem culinária e também pele feminina,

com a voracidade de um lobo faminto

que fazem um sorriso tão lindo e uma gargalhada deliciosa, não sei...


não sei se são aquelas orelhas, feitas à mão por algum artista...

e pensar que cheguei a julgar que de tão belas

elas mereciam um brinco na parte de cima... pecado.


não sei se é aquele peito, meu leito preferido,

com tudo o que existe de mais aconchegante,

incluindo a trilha sonora de um coração pulsante e ritmado.


não sei também se são aquelas costas que não me canso de olhar por horas

quando dormem, subindo e descendo... pele firme,

ela brilha na luz da lua, de uma cor, de uma textura...

pele jovem, pele sadia, musculatura à Salvador Dalí...

será que existe tato mais alucinógeno?


não sei se são aquelas pernas, muito belas e fortes,

sempre me lembrando o tronco de alguma árvore, ligamentos de aço,

quando elas seguem o passo, chegam a fazer uma dança muscular,

metade pra um lado metade pro outro.


não sei se são aqueles cílios engraçados, infantis, que se fecham

de maneira tão peculiar, e deitam descansados

um pouco inchados em cima, transmitindo paz e relaxamento.


aqueles olhos abertos que carregam todas as visões do mundo irreal,

toda a experiência do mundo real,

todas a visão de cores que mais ninguém consegue ver,

meus olhos de artista,

meus olhos de filósofo,

meus olhos de guerreiro,

meus olhos de rebeldia, vontade, intensidade, e por vezes olhos de ira.


não sei bem, agora que lembrei dos braços chego a me confundir,

nada pode me trazer mais conforto,

mais vontade de tornar-me mansa, calada, quieta,

mais vontade de largar minha rebeldia morena,

de soltar meus ombros tensos da jornada diária,

mais vontade de chorar de alegria, de controlar a respiração quietinha,

pra não mudar nenhuma frequência...


não sei mesmo, e nem quero mais saber.

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