Rocky Mountain
E nesse rasgo,
da minha garganta, da minha carne
eu sinto tão bem a lâmina, perversa navalha.
E não consigo escrever.
Na verdade agora não sei nem ao menos falar.
Só sinto e sinto tanto.
Sinto raiva, sinto falta, sinto tristeza.
E eu sinto muito, amor, sinto muito mesmo.
Eu gosto de rimar, intensivamente
para coisas tristes, alegres, amargas...
Mas com esse emocional esfarelado
Eu só consigo combinar "muito" com "frustração"
Mas eu sei bem que vai passar.
E que logo, logo vou conseguir me erguer
E depois de tudo vou rir
E quaisquer outras terminações verbais que eu quiser.
Pois eu posso ser emotiva, porém nunca FRACA
E eu posso ser o que eu bem entender.
E não o que você decidir.
Eu posso me reconstruir, levantar e desaparecer...
E a única vontade que permanece
é a do teletransporte,
para a dimensão mais bela que já conheci
De montanhas rochosas como você.
Seria um lince faminto e solitário
caminhando por sobre todo o seu gelo ameaçador.
Sem rumo, sem motivo, sem esperança,
mas com a cabeça erguida.
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