MEUS RESPEITOS

"O respeito juntamente denota um sentimento positivo de estima por uma pessoa ou para uma entidade (como uma nação, uma religião, etc.) e também ações especificas e condutas representativas daquela estima. 
Respeito também pode ser um sentimento especifico de consideração pelas qualidades reais do respeitado (Ex: Eu respeito o julgamento dela). 
Pode também ser conduzido de acordo com uma moral específica de respeito
Ser rude é considerado uma falta de respeito (desrespeito) enquanto que ações que honram a alguém ou a alguma coisa são consideradas respeito. 
Morais especificas de respeito são de importância fundamental para muitas culturas. 
Respeito por tradições e autoridades legitimas são identificadas por Jonathan Haidt como um dos cinco valores morais fundamentais compartilhados para um maior ou menor por sociedades diferentes e indivíduos diferentes. Respeito não deve ser confundido com tolerância porque tolerância não diz necessariamente nenhum sentimento positivo, e não é compatível com desprezo, o contrário de respeito. 
A palavra respeito vem do latim respicere que significa olhar para trás. Isso evoca a idéia de julgar alguma coisa em relação ao que foi feito quando é valoroso ser reconhecido. 
Além, a noção de respeito implica que pode ser aplicado para uma pessoa que fez algo certo, mas também para qualquer coisa afirmada no passado como uma promessa, a lei, etc. Isto também é porque na maioria dos idiomas, é dito que o respeito deve ser merecido." (wikipedia)


Bem, o respeito sobre o qual qual eu quero falar aqui é basicamente o descrito na parte em destaque. Muita gente quando menciona respeito também menciona a palavra moral, ou imoral, ou amoral, como queiram.
Para dar mais consistência, recorramos ao que se generaliza sobre MORAL, pra não ficar vagando em conceitos líquidos e maleáveis. 


Moral deriva do latim mores, que significa "relativo aos costumes". Seria importante referir, ainda, quanto à etimologia da palavra "moral", que esta se originou a partir do intento dos romanos traduzirem a palavra grega êthica. Moral é um conjunto de regras no convívio social.


Bem, a moral já diz basicamente o que eu quero divagar sobre o respeito. Para algo ser de acordo com a moral, ele tem que ser relativo a algo que já se pratica em sociedade, algo que vem sendo repetido (talvez por eficácia em suas experiências; ou por conforto de se saber numa lista o que pode e o que não poder; ou pelo puro medo de mudanças). Se forem pesquisar a palavra ética, encontrarão o meu raciocínio pairando por cima de suas definições que não me apetecem, provavelmente sentirão um nojinho se lerem as definições ao longo da história. Se moral é o que a gente já viu e respeito é ter consideração por alguém que segue regras que são consideradas morais, e se moral tem a ver com algo que é repetido socialmente, então chegamos aí no ponto de colisão. Para qualquer conduta na sociedade ser renovada e RESPEITADA como nova conduta possível, e ser considerada uma conduta não IMORAL, tem de haver um momento de choque. É nesse choque que eu queria chegar.


Sinto-me em choque constante com mulheres no presente defendendo belas condutas para boas moças e se revoltando com condutas FEMININAS, consideradas por homens do passado como imorais, desrespeitosas e etc. Quase nada me dá mais pânico do futuro. Não suporto quando vejo uma mulher se dizer feminista e chamar outra mulher de vagabunda, piranha, puta, vadia... simplesmente me choca. É uma burrice de um tamanho exagerado, chega a ser deselegante. Será que essas pessoas não podem ver que estão inseridas como ratos de laboratório em um o ciclo de imbecilidade? Vagando em elipses de críticas ao comportamento feminino, o que já trouxe tanto desconforto para tantas mulheres? Não me grito feminista exatamente porque percebo encrustado em mim ainda algumas atitudes de falta de percepção, crítica e hipocrisias... "a mídia me ensinou..." E DAÍ, JÁ SOU GRANDINHA PRA CORRIGIR, NÉ, TITIA?". Compreendi depois de muito tempo uma amiga feminista que quando chamada de puta, agradece. E se a pessoa perguntar, por que ela agradeceu ela explica, que se ser puta para aquela pessoa é ser livre como ela quer para selecionar ou não com quem, como e quando ela se relaciona, então para ela é elogio e ser puta deve então ser um orgulho. Bravo, Patinha!


Passeando pelo orkut de algumas pessoas aleatórias, amigos de amigos, encontrei uma comunidade que diz "submissa sim, e com muito orgulho - se vc, como eu, sabe que para ser uma boa mulher, é necessário ser submissa ao seu homem, para protegê-lo de vagabundas, entre na comu"... quase vomitei. Sabe por quê? Porque  a única vez que eu sofri além da conta por alguém, aqueles sofrimentos que a gente se sente morrendo dia após dia, foi porque eu fui submissa às vontades de um outro ser. E sabe por que mais? Porque fiquei impressionada quando me vi solteira e fazendo o que eu bem entendia, apenas MULHERES abriam a boca para me criticar, meus amigos homens, meu pai, meus tios, meu vô, meu melhor amigo, que hoje fez a escolha de morar comigo e assumir um relacionamento para si e para o mundo, estavam sempre lá, como várias amigas, para me apoiar, para dizer que a dor ia passar, para dizer que eu merecia ser muito feliz, para me reconstruir, para me oferecerem novas atividades, novos trabalhos, novas oportunidades, para me dizer que tinham ORGULHO de andar com uma mulher como eu, que estava na frente deles quebrando barreiras, que teve coragem de resolver seguir em frente em vez de venerar uma pessoa que não me respeitou, como fazem muitas pessoas. Não cabem nas minhas duas mãos os amigos fiéis que se mantiveram meus escudeiros de night e meus travesseiros de dia. Eu tive A SORTE de estar com as melhores companias desde sempre. MAS SIM, fui agredida por (poucas, porém importantes) mulheres por estar tendo uma conduta desrespeitosa, imoral, um absurdo, senhor! Isso sempre me fez pensar.


Pude assistir várias amigas passarem por momentos delas depois de mim e se experimentarem, experimentarem novas pessoas, novas combinações, novos amores, novos tipos de relacionamento, de sexo, de aventuras... elas todas passando pelos julgamentos que eu passei. Algumas (e talvez não tão importantes) mulheres na vida delas, 'metendo o pau' - conceito macho, não? - 'metendo a ripa' nelas. 


Esses conceitos sobre mulheres malditas, mulheres malvadas, vagabundas sociopatas, serial whores, moças com condutas irremediáveis que dedicam a existência a "ROUBAR O HOMEM" de outra mulher. Será que não dá para perceber que isso ta meio estranho, gente? Que esses homens, tem cérebro, coração, racionalidade, emoções e ESCOLHAS? E que nós mulheres deveríamos nos preocupar em USAR nossas escolhas de vida como bem entendêssemos? Que não somos obrigadas a ir de acordo e repetir como um papagaio o que UM MACHO acha que uma mulher tem que ser? NÃO TEMOS QUE SER NADA, E AINDA ASSIM, ACREDITO QUE SOMOS TUDO SE QUISERMOS SER. 


Depois que eu respeitei as mulheres como donas de seus narizes e donas de suas vidas e de suas morais revolucionárias, entendi o meu mundo e me sinto hoje muito mais respeitada como mulher, por cada pessoa que passa pelo meu caminho. Porque eu mudei de vida? Porque hoje eu me "dou o respeito"? Não. Mas porque não escondo de ninguém o que sou, o que fui e conto minhas histórias de vida com muito orgulho, com muita poesia, com muito humor, com muita graça. Minhas vivências como mulher são preciosidades de um longo aprendizado... sou aprendiz também de mim mesma, da minha vida, dos meus erros e dos meus acertos. Continuarei não me envergonhando pelos moralistas. Tenho tido frutos surpreendentes nos meus relacionamentos pessoas, profissionais, entre outros. E até já ouvi confissões de alunas em semestres diferentes, uma me marcou quando disse no fim da aula: "Teacher, obrigada, você mudou os meus conceitos, meu namorado não é um santo da carne fraca seduzido por piranhas, eu vou terminar com ele porque EU MEREÇO uma vida melhor." Não me interessou quantas outras meninas da sala teriam pensado "Pronto, agora por causa da teacher ela vai largar o HOMEM dela solto nas garras das vagabundas de plantão"... eu sabia que ia vê-la numa linda metamorfose até o fim do semestre. Fim de semestre, ela se formou, passou num belo concurso, ta trabalhando na área dela, ganhando um mega salário, super motivada e maravilhosa com sua alegria estampada, viajando pra lá e pra cá no exterior para fazer pesquisas "on business". Minha cara de alegria... aula após aula... ninguém imagina.


Quero deixar claro aqui que estou criticando essas MORAIS e esses RESPEITOS MALUCOS em pessoas que vivem em condições como as minhas, com família, com universidade, com internet, com acesso a quase tudo, inclusive à liberdade. Eu sei muito bem o quão complicado é para outras pessoas... em outros contextos, com outros backgrounds. 


Essa é uma questão que mexe muito comigo. Principalmente porque sinto NOJO. Mas não posso sentir nojo, estou falando de mulher, e eu sou mulher, como qualquer outra mulher e não me permitirei ter nojo, acreditarei na minha esperança, de que as mulheres vão lutar pra verdadeira liberdade, sendo solteiras, casadas, não interessa, quero ver as mulheres livres para fazerem o que quiserem, para ser quem elas quiserem, para ir para onde elas quiserem e ter a vida que bem entenderem... como os homens.


Respeito vai começar de dentro. Você se sente desrespeitado? Talvez você não esteja se respeitando como a pessoa respeitável que você é (não igual àquele vizinho respeitado), dentro da SUA vida, dentro das SUAS limitações e dentro dos SEUS poderes... homens ou mulheres, tanto faz. Quando a gente se respeita, (e não quando a gente se dá o respeito) não sobra muito para os que nem sabem muito bem o que estão criticando... uns papagaios de pai e mãe... só sabem repetir conceitos... MUITO RESPEITOSOS E MORAIS, NÃO? 







Comentários

Gaspa disse…
A Nina é foda! É uma sem vergonha! =)
Patricia disse…
Essa Nina só me dá orgulho ^.^

Postagens mais visitadas deste blog

Barrabás - "A Casa dos Espíritos" (Allende)

Check List