2011 - o ano dos desafios
Esse ano foi um ano que quebrou na minha vida algumas
rotinas, mesmices e estabilidades que me acompanhavam
há 5 anos, no mínimo.
Esse ano me arrisquei algumas vezes em projetos dos
quais antes tinha receio, como por exemplo, apresentar
num seminário, ao invés de participar dele assistindo.
Eu sempre quis apresentar e quando finalizei meu projeto
de iniciação científica, em 2003, cheguei a apresentar
meu trabalho várias vezes em congressos e ciclos de
palestras de Literatura. Depois de um tempo afastada do
meio acadêmico, inserida no mercado de trabalho de corpo
e alma, voltei a participar de congressos, encontros, etc,
mas não me sentia nem com vontade e nem preparada o
suficiente para dar um mini-curso, ou uma palestra nesses
ambientes. Eu estava na fase do mais puro encantamento da
recepção. E nesse lance de recepção você acaba aprendendo
muito, mas é também muito confortável não se expor tanto.
Esse ano veio com tudo e já começou me dando uma coisa de
volta da qual me desapeguei há tempos atrás: ORGANIZAÇÃO.
A organização de agenda, de schedule, de compromissos, de
reuniões e propostas pessoais: metas a alcançar e datas fixas.
Foi como se eu virasse duas Ninas ao mesmo tempo, em uma Nina só:
1. a funcionária do mês, essa Nina já me acompanhava havia alguns
anos na empresa onde eu trabalho (também há alguns anos - desde
2004) a meta dela era essa - trabalhar, trabalhar e melhorar no
trabalho, desenvolver tudo o que ela pudesse;
2. e a outra que era a sua chefona-MOR, poderosa, autônoma,
destemida, competente e mais do que nunca, SEGURA, MUITO SEGURA.
Havia muito tempo que não me sentia segura em alguns âmbitos da
minha vida... era quase que uma personalidade inventada, mas aos
poucos fui percebendo que essa Nina também existia em mim, mas
estava dormindo, deixando o rio correr, quietinha, descansando...
Esse lance das apresentações do meu projeto de literatura com meus
alunos adolescentes e crianças apareceu já no meio do ano, mas em
janeiro, logo que o ano começou me veio a ideia de estudar para o
mestrado, sem grandes expectativas para passar, eu queria ver como
era uma prova de mestrado, que tipo de textos eram propostos no
edital e quais eram as correntes do mestrado em Literatura na UnB.
Caí apaixonada pelas abordagens das 4 correntes principais desse
curso, que se chama Literatura e Práticas Sociais. Nunca imaginei
que os cânones dariam lugar a tanta sensibilidade, consciência e
significação de meio. Não teria que deixar os meus velhos cânones
para trás em lugar algum, apenas fazer sobre eles, uma releitura,
e qual não foi minha surpresa ao descobrir pedacinho por pedacinho
os novos teóricos, suas manias, suas loucuras e tanta lucidez.
Acabou que me meti num curso de Teoria Literária e Crítica com a
professora mais competente que eu conheço, que havia me dado o
curso de Literatura Russa, que fiz no Sebinho durante alguns meses
de 2010. Estudei com ela autores e teorias de dentro e de fora do
meu edital, e me redescobri estudante sedenta e desbravadora de
páginas inexploradas, de mundos ao avesso, de manifestos em favor
das mais independentes formas de literatura. De 46 vagas num mestrado
considerado o melhor do Instituto de Letras, passei em 8º. Sei que
me dediquei para isso, mas não consigo ainda me desvincular do meu
pensamento místico de que essa colocação foi uma recompensa sagrada
pelo meu esforço desmedido.
No lado pessoal, eu me sinto pela primeira vez na vida, uma
dona de casa normal, que sabe o que comprar, em que época comprar
o que, estou fazendo cada vez melhor os cálculos e a manutenção das
coisas de casa e tenho tempo o suficiente para curtir minha casa,
partilhar a compania inigualável do meu companheiro de vida, my
lovely hubbie <3 - que me aguentou com insônia noites a fio, nervosa,
estressada, neurótica, chata ao extremo, ansiosa, chorona, sem
arredar o pé, firme e forte. Cara, VALEU! Eu não sei o que seria de
mim esse ano sem ter alguém para me ajudar tanto.
A mudança de residência também aconteceu no meio do ano, e com alguns
perrengues com imobiliária, mas tudo se resolveu no final, valeu a
pena demais estarmos aqui. E tudo isso aconteceu com a minha maior
meta de casa realizada: recebendo amigos constantemente, fazendo da
nossa casa, um lugar de felicidade não só para os moradores, mas para
quem vem nos fazer compania. Saber pelos meus amigos que a minha
casa é um lugar onde eles se sentem bem, acolhidos, amados e bem-vindos
é o maior prêmio que eu poderia ter, e eu escutei isso várias vezes
de pessoas muito especiais para mim esse ano.
Estive um pouco indisponível para amigos com quem eu saía mais vezes,
saí apenas algumas vezes, mas isso foi por causa da vida que eu tive
que levar para poder dar conta de todos os meus afazeres esse ano,
estudar exige uma organização e uma vida mais quieta, principalmente
quando se tem insônia.
Essa é a semana para desenhar minhas metas de 2012. E como sempre,
estou à procura de uma agenda que sirva pra tudo, absolutamente tudo,
e que dê para eu carregar na bolsa, ou seja, tem que ser pequenina
e muito prática. Outra meta cumprida: usei minha agenda o ano todo.
Realmente minha organização de virginiana está voltando para mim
para me dar o conforto e o controle que preciso ter.
Acabei de falar com meu pai e minha mãe que esse ano vieram almoçar
na minha casa (antes nem rolava ficar sentado no chão tanto tempo)
tanto quanto almoçamos na casa deles, e isso também me deixou muito
feliz. Com minha família, esse foi o ano da amizade, das pessoas no
tapete com sua tacinha e um monte de cds, livros, lps, discussões,
jornais, capas de revista, política, e muito amor. Senti que consegui
me expressar melhor com eles do que nos anos anteriores, e sou vista
de igual para igual e isso é muito bom.
Enfim, eu termino esse ano muito feliz. E muito grata a todos que
me aguentaram esse ano, cheia de estresse, medo, ansiedade,
principalmente meus amigos do FORUMDA12 e do trabalho. Foi essencial
ter todos perto.
Para fechar o ano, a viagem que fizemos nós dois no Chile, deu um
lacinho muito especial nesse presentaço que foi 2011.
Obrigada, 2011, eu não vou te esquecer nunca. Nunca mesmo. =)
Ps: passar o ano sem asma foi uma ótima, 2011, seu lymdo.
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