Cabeça
Minha cabeça é mais prática. Minha cabeça não navega
tão fundo sobre a realidade quanto aquelas cabeças
que conheci, principalmente as cabeças daquelas mulheres
que eu sei quem são, que dedicam a vida a entender a
cabeça dos outros.
Eu tento entender a cabeça dos meus alunos
às vezes, mas mais frequentemente de maneira a
facilitar os processos cognitivos de aquisição da
língua estrangeira, quando estou ensinando.
Já conheci algumas pessoas, na maioria das vezes mulheres,
que dedicaram suas vidas ao estudo da psicologia.
São mulheres fascinantes, taradas pelas cabeças
das pessoas, mulheres interessantes, curiosas acerca
dos problemas dos outros e de como os mecanismos
acontecem de forma a ajudar ou atrapalhar o sujeito
a lidar com suas questões.
Essa é uma profissão na qual eu penso várias vezes ao
dia quando estou na minha escola trabalhando. Nossa
escola deveria ter um psicólogo. A escola é um lugar
que depende 100%, desde a sua base até as suas ramificações,
do bom funcionamento dos relacionamentos entre seres humanos.
Os relacionamentos dos alunos com os outros alunos,
com suas famílias em relação aos seus estudos e com
seus professores (entre outros funcionários da escola)...
Os professores precisam entender e aprender a se
relacionar bem com os outros professores, com os
coordenadores, diretores, alunos, funcionários da
administração, com seus alunos, com os pais destes,
deveríamos ter o conhecimento da melhor comunicação,
mas não o temos. Com certeza alguns amigos meus seriam
contra a presença do psicólogo no ambiente escolar,
seres mais desconfiados, mais ariscos ou que simplesmente
acreditam que as pessoas tem de aprender a se relacionar
sozinhos. Mas eu sou radical nesse sentido.
Eu acredito que um psicólogo ajudaria em TODO E QUALQUER
AMBIENTE ESCOLAR. Em situações que não conseguimos nem
imaginar, em situações que talvez não fossem previstas
nas funções desse profissional. Eu sinto falta de você,
querido psicólogo, que nunca existiu na minha escola.
Eu gostaria muito que algum dia a gente trabalhasse junto.
Comentários
Já estive nas duas posições - tanto de psicólogo quanto de professor na área de línguas (inglesa como você sabe) e tive a oportunidade de ver os dois lados nesse incrível ambiente cheio de conhecimentos e claramente regido pela relação humana. Vemos claramente como as coisas funcionam em casa e como funcionam no ambiente escolar, de modo que essa interação é fundamental para o processo todo (aprendizado individual e social) afinal, é a partir dele que o conhecimento vai tomando o seu espaço. Cada aluno, cada funcionário, cada pai contribuindo um pouquinho a partir de sua individualidade e de seu contato com o outro e com o mundo. Cada um contribuindo e acrescentando um pouquinho para a atmosfera e convivência que se configura a cada dia. Nada é definitivo. Vamos construindo, pensando, repensando, renovando, descartando aquilo que nada acrescentará para o bom desenvolvimento como pessoa e profissionalmente também. Digamos que um "bom descartar" e não o eliminar porque simplesmente achamos que está nos atrapalhando e ponto. As dificuldades, é claro, não poderiam ficar de fora e nem serem ignoradas, afinal trazem um pensamento, uma reflexão de certo modo. Sempre. Aprendemos com elas, claramente. Fascina como cada um se posiciona no dia-a-dia e aprende através do olhar do outro. Isso tudo é admiravelmente complexo e simples também à medida que as coisas vão acontecendo. E mais importante: Cada um tem seu próprio tempo e jeitinho de ser. Existem prazos? Existem, mas nunca se esqueça: "Não apresse o rio, ele corre sozinho".
Com muito carinho de uma profunda admiradora do "seu jeitinho Nina de ser", deixo aqui um enorme beijo para a minha amiga <3
Mariana Smidt Nardelli