{Domestiquée}
A vida antes espalhada nas ruas, nos bares, nos copos grudentos e vazios
hoje mora em lugar seguro, em coração constante e cabeça sã.
A fera da selvageria, podou suas presas e respirou fundo sentindo seu
couro subir e descer, sentou-se e decidiu que era hora de amansar.
Hoje, acordo anos depois e percebo que a vida continua espalhada, mas
dessa vez em guardanapos, papéis jogados, arrancados de caderno,
orelhas de livro, agendas velhas, ou textos virtuais.
A vida se espalhou tão lentamente, que pensei que seria muito fácil observá-la...
ou recolher tudo, juntar tudo numa só gaveta e decidir o que faço com ela.
Ou toco fogo, ou taco no lixo, ou guardo e esqueço, só para lembrar depois.
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