Palimpsesto
Quando tudo começou eu não entendia direito as palavras. Tampouco as angústias nacionais ou mundiais. Você falava do globo, do humano, da natureza, do belo, do mau, do preço, do corrupto, da relatividade, do pouco e do muito. Você falava de coisas que eu nunca ouvi falar e eu sentia pela primeira vez a paz de quem escuta... sem falar tanto. Ah, a paz... você me mostrou a paz. Como é bom te fazer perguntas e ficar em silêncio te escutando. Eu nunca tinha pensado as coisas pelas perspectivas que você explorava. Foi como olhar a vida de um ângulo X toda uma vida... Foi você vir e eu voar, e ver a vida de 50 ângulos diferentes além do meu. E assim é o meu HOJE, além das viagens por tantas figuras, efeitos, materiais, texturas, perspectivas, inclusive a sua. Seu encantamento com os limites do real x fictício, seja na animação, seja na cabeça de um artista só, de um movimento inteiro, de artistas que perderam a sanidade... o seu questionamento sobre a sanidade, "quem avalia?"... E mais os artistas assassinados pela denúncia, e seus corpos imaterializados, eternizados... Eu te pesquisei, te li, te estudei... há muito o que entender ainda, essa busca irritante que eu insisto em fazer com tanta devoção é como a fissura de um fã, agora sou eu quem questiona "A paixão/loucura dura em média 6 meses" QUEM DISSE? QUEM DIZ? E QUEM VIVE? Folhas e capas... as editoras e as suas críticas sobre elas, os símbolos. Você quer que eu enxergue o preço dos livros, mas eu já não o fazia antes de te conhecer... O rock'n roll & o samba, a história da estética & o Wiener Werkstätte, a criação na natureza & na cidade, os motivos... a arte. O "&" é comercial. Caetano e Yardbirds. Mercedes Sosa. Led Zeppelin. Bebossa. Monk. Gil. A vida. Você. Eu. Nossos amigos. Nossas famílias. E o mundo inteiro. Uma amostra grátis disso tudo fica nessa foto, e a certeza de que bem no meio do desenrolar da arte gráfica, dos recados da arte de rua e "surrealismo Dalí" eu caso contigo gravando os 5 anos de trás e mais todos os da frente, dentro da minha alma... meu palimpsesto mais bonito. (N R, Portuguese version)
When it all began I didn’t quite
understand the words. Nor the national or worldwide anguishes. You spoke of the
globe, of the human being, of nature, of beauty, of evil, of price, of
corruption, of relativity, of littleand of much. You spoke of things I had never
heard of, and I felt for the first time the peace of one who listens… not
speaking much. Oh, peace!You showed me peace. How good it feels asking you
questions and keeping quiet, listening to you. I had never thought the things
through the perspectives you explored. It was like looking at life from a given
angle throughout a whole life… Then you came and I soared high, and saw life
from fifty angles different from mine, in addition to mine. And thus it is mytoday,
in addition to the travels through so many pictures, effects, materials,
textures, perspectives, including yours. Your enchantment with the limits of real
versus fiction, be it in animation, be it in the mind of a single artist, of a
whole movement, of artists who lost sanity… your questioning about sanity, “who
assesses that?”… And plus the artists murdered by denouncement, and their
immaterialised, eternalised bodies… I searched you, I read you, I studied you…
there is much to understand still, this annoying research that I insist in carrying
out with such devotion is fan-like addiction, and now it is I who questions,
“passion/madness lasts on average six months,” WHO SAID THAT? WHO SAYS THAT?
AND WHO LIVES THAT? Pages and covers… publishers and your criticisms on them,
the symbols. You want me to see the price of the books, but I no longer did
before I met you… Rock & roll & samba, the history of aesthetics &
Wiener Werkstätte, the creation within nature & within the city, the
motives… art. The ampersand sands the amp, is but an “and”. Caetano and
Yardbirds.Merceds Sosa. Led Zeppelin.Bebossa.Monk. Gil. Life.You. Me. Our
friends.Our families.And the whole world. A free sample of all that sticks in
this picture, and the certainty that right in the middle of the unfoldings of
graphical art, of messages of street art and “Dalí’s surrealism” I marry you engraving
the past five years and all the future ones within my soul… My most
exquisite palimpsest. (Rafael Cavalcanti, English version)
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