Se for overdose, que seja de Clara.
Canto das três raças
(Interpretação: Clara Nunes)
{Música de: Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro}
{Música de: Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro}
Porque sabemos os prejuízos do Mito das Três Raças,
desenvolvido por Darcy Ribeiro, entre outros antropólogos
contemporâneos a ele.
Conhecemos as injustiças do conceito "raça"
e carregamos a violência da destruição cultural e
terrorial colonialista de cada um dos nossos povos mesclados com o europeu...
Também trazemos em nosso sangue ancestral a variedade
absurda de hábitos, crenças, cultura, culinária, idiomas, idiossincrasias
e tantos outros fatores dos vários povos que vieram da África serem
escravizados juntos,
como se fossem todos "farinha do mesmo saco"
e da mesma variedade entre os povos indígenas do Brasil,
massacrados, humilhados e explorados como escravos,
como se fossem todos "farinha do mesmo saco"
e da mesma variedade entre os povos indígenas do Brasil,
massacrados, humilhados e explorados como escravos,
sendo julgados todos como uma mesma tribo de pele vermelha,
tendo que (sobre)viver sob a batuta dos mesmos cativeiros
convivendo na senzala com tribos, muitas vezes, rivais.
E mais tarde as universidades teorizaram sobre seus Banzos,
e catalogaram em ridículas gavetas suas fenomenologias do espírito,
e conseguiram superficializar tudo o que havia de tão lindo...
tendo que (sobre)viver sob a batuta dos mesmos cativeiros
convivendo na senzala com tribos, muitas vezes, rivais.
E mais tarde as universidades teorizaram sobre seus Banzos,
e catalogaram em ridículas gavetas suas fenomenologias do espírito,
e conseguiram superficializar tudo o que havia de tão lindo...
Mas a voz de Clara não veio superficializar isso,
veio chorar todas as injustiças em um só canto.
Chora, Clara Nunes.
Ninguém ouviu
Um soluçar de dor
No canto do Brasil
Um lamento triste
Sempre ecoou
Desde que o índio guerreiro
Foi pro cativeiro
E de lá cantou
Negro entoou
Um canto de revolta pelos ares
No Quilombo dos Palmares
Onde se refugiou
Fora a luta dos Inconfidentes
Pela quebra das correntes
Nada adiantou
E de guerra em paz
De paz em guerra
Todo o povo dessa terra
Quando pode cantar
Canta de dor
ô, ô, ô, ô, ô, ô
ô, ô, ô, ô, ô, ô
ô, ô, ô, ô, ô, ô
ô, ô, ô, ô, ô, ô
E ecoa noite e dia
É ensurdecedor
Ai, mas que agonia
O canto do trabalhador
Esse canto que devia
Ser um canto de alegria
Soa apenas
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