Prateleira hipócrita do "criar filhos"
É incrível.
A única coisa que se consegue fazer quando se cria filhos,
é basicamente, somente o que conseguirmos,
e tudo bem, até certo ponto, porque não existe
nada que o filho vai adquirir dos pais além de PERSPECTIVA,
os filhos não são cópias dos pais, ele decidem aproveitar o que serve,
decidem fazer ao contrário o que não foi bom pra eles, enfim,
eles PENSAM SOZINHOS durante a vida uma infinidade de vezes.
Pensando assim, acho que é simples, e é só isso.
Eu bem que gostaria de mudar meus defeitos para criar
minha filha, mas as duas únicas possibilidades em relação
a isso não vão escondê-los dela em nenhum aspecto:
1. posso investir em melhorar no que erro muito
2. posso tentar mascarar os meus erros como outra coisa
e no momento, enhuma dessas opções me seduz o suficiente.
Os filhos, sejam eles bebês, crianças, jovens ou adultos,
ACESSAM OS PAIS no que os pais têm de mais íntimo: a psiquê.
Ela está ali ao alcance deles, volátil, disponível.
Em 9 meses da minha filha, eu já pude perceber isso muito
claramente, e hoje acesso a minha própria relação com a psiquê
dos meus pais de forma muito mais tranquila e com mais amor,
isso graças à maternidade que estabeleci com minha filha.
Apesar de ter compreendido minhas limitações um tanto quanto
cedo na minha maternidade, eu não deixei de ser curiosa, nem um
pouquinho, e por isso, já que eu cobri o suficiente para mim mesma
na literatura de gravidez, parto, puerpério, psicologia da gestante,
maternidade no Ocidente, maternidade no Oriente,
tipos de parto, pós-parto, psicologia jungiana,
amamentação, fusão mãe-bebê e pediatria.
(entenda-se aqui que informação nessa parte prévia podia
influenciar um pouco mais as minhas escolhas, pois se tratava
muito de processos corporais e situações
concretas a serem alcançadas para o sucesso fisico-emocional)
Ando por agora querendo investigar o que dizem os loucos,
quer dizer, o que dizem os teóricos de áreas diversas,
sobre a criação de filhos. Este ano morreu Içami Tiba.
Antes de ele morrer eu iniciei a leitura de seus livros...
Muitas partes eu aproveitei para lembrar minha infância,
outras partes eu circulei e escrevi "sangue de barata"
e em outras eu simplesmente tive que colocar
o livro de volta na estante e só reabrir depois de pensar muito.
O que ficou: eu realmente só vou conseguir ser eu mesma.
Resumidamente, é essa a minha posição atual.
Eu vou investigar essa literatura dos psico-mega-protetores,
porém sem nenhuma esperança de que algo em mim mude,
sendo assim, apenas pelo bel prazer da leitura e pela minha irritante
curiosidade mais do que aguçada sobre o que pesquisam os humanos.
Realmente não consigo mudar muito, como não quero deixar
de ler, mas também não to afim de ficar me sentindo só culpada
na vida, porque eu tenho outros afazeres a cumprir além de
ficar somente me avaliando e tentando proteger minha cria
dos defeitos da mamãe, dos problemas e das dores da vida
(do verbo: vamos fingir que isso seria possível SQN),
Assim como no desenho do Show da Luna, "eu quero saber:"
O que dizem as pessoas que querem proteger pais e filhos
de relações mega complicadas entre familiares, cheias de marcas,
(traumas? mimimis?) cheias de nostalgia, boas memórias,
tudo de bom e de ruim, afinal, é a vida, não?
Comecei pelo Içami Tiba por indicação de um familiar
da família do meu marido, e agora estou tomando fôlego
para adquirir a paciência necessária para entrar no mundo
dos que pedem aos pais "Por favooor, deixem as
crianças se ferrarem em paaaaaaz!!!"
Pareceu um bom jeito de começar, até porque eu acho
que um dos meus maiores defeitos é ser ansiosa, não
só na maternidade, mas em casa, no trabalho, sozinha,
no amor, na vida... momentos de paz mental são raríssimos
e são sempre memórias inesquecíveis para mim, que sempre
to correndo contra o tempo achando que to atrasada.
Cutucar-me pela ansiedade maléfica me parece um ótimo começo.
Podem entrar, Carol Dweck e Jessica Lahey.
A mente é vossa.
E podem reparar a bagunça, eu já me assumi.
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