O final da dissertação e o Pânico



Vou escrever aqui o que descobri durante o processo aqui por dois motivos:
1. caso eu queira continuar os estudos e fazer doutorado
2. caso de ajudar qualquer outra pessoa desesperada com prazo para entregar.
Existe um momento na escrita que se repetiu várias vezes durante o processo da minha dissertação.
É o momento em que simplesmente você, sua voz na escrita, seu texto... simplesmente PARAM.
Eu passei por muitos momentos de angústia quando isso aconteceu porque eu não conseguia prever
se eu ia voltar a conseguir escrever ou quando isso aconteceria.
O que eu acabei de descobrir, bem no final, na verdade não veio como uma descoberta, veio como
uma lembrança.
Eu lembro que quando tava passando pelas 4 etapas da minha prova de mestrado, eu não conseguia dormir
porque não estava conseguindo entender uma parte de algum livro que ia cair na prova, eu tive um Outubro
insone por pura ansiedade e desespero, medo de não conseguir, medo de fracassar e me frustrar. Bom, a gente se frustra na vida, e isso é normal, mas meu medo da frustração acontecer não para nunca. Durante esse período eu resolvi tentar me entregar para a insônia e ler durante ela. E deu certo. Eu lia muito bem, numa velocidade muito boa, acordada pelo estresse, com muita facilidade de concentração, as horas noturnas passavam e eu acabei assim os livros do edital e pude ler livros complementares a eles, outros livros dos mesmos autores, o que me trouxe uma bagagem-bônus de segurança na hora de escrever na prova teórica. Foi maravilhoso o aproveitamento que tive na insônia.
É esse o segredo pra mim quando o texto empaca. Eu fazer como fiz agorinha, inspirada no que aconteceu há 2 anos, eu vou ler durante esse tempo. Sempre tem algum material a mais que você pode ler para incrementar o que você conhece do seu assunto. Lembre-se: mesmo que você revolucione algo com seu tema, ele é mais um trabalho dentro de um grande tema, ou seja, o material que existe escrito sobre coisas que você acha que domina da sua área é praticamente infinito, nunca vai dar tempo de você ler em uma vida humana de férias eternas (condição inexistente na realidade) todos os textos de todos os temas que abraçam seu trabalho. Acredito que existam mil outras recomendações para desempacar o seu texto, um passeio em um lugar calmo e arborizado, uma conversa com um amigo, uma aula de yoga, uma prática meditativa pra esvaziar... essa é só a minha estratégia. Apenas um lembrete pra mim mesma aqui. Se servir pra outra pessoa, que lindo, fico feliz, mas preciso me lembrar que isso já me serve há um certo tempo, tenho muito medo de esquecer disso, com esse texto aqui, vai ficar mais fácil.
Por que ler mais, se você já leu tanto? Não só para você ter mais domínio e o seu conhecimento extra incrementar o seu lindo trabalho, mas muito mais importante do que isso: PORQUE VAI TE RELAXAR. É o que acontece comigo, não quer dizer que vai acontecer com você, mas comigo acontece e eu tenho medo de esquecer disso no futuro. Ler um livro de teoria literária me relaxa, por mais difícil que ele seja para mim. O simples fato de parar, procurar um termo no dicionário de termos literários, ter que voltar um parágrafo, reler, desvendando, linha por linha, bem devagarinho, me faz esquecer que tenho um trabalho para escrever que tá lá estacionado. E sabe o que acontece depois de umas 40, 50 páginas que você acabou de ler? Ideias. Ideias para continuar seu texto, mesmo que fora de sequência, elas vão chegando, e você faz ligações que não espera fazer, e fica chocado, e fica feliz... E VOLTA A ESCREVER.
A leitura extra (aquela que você não colocou nos seus planos, ela tá fora do seu corpus teórico, e no caso da literatura, fora do corpus literário também) ela serve para relaxar a cabeça, descansar da escrita, e para abrir nascentes de pensamento na sua pesquisa.

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