Quarta reflexão pós-cinzas


Este domingo refleti sobre o que essa semana da quaresma me trouxe
e em que momentos pude avaliar meus ímpetos, feliz e curiosamente,
pude perceber uma ausência de grandes impulsos tão comuns na minha vida.
Escapar de balas "pseudo-morais", podendo girá-las e voltá-las ao atirador,
mas abrindo mão desse recurso porque ele é só uma munição infantil.
Numa provocação em grupo, um atirador de críticas se vê com um
fuzil de precisão em mãos, mas se o adversário não cresce egoicamente, 
o atirador é visto portando somente um nerf e com dificuldades.


Nessa altura da vida, não careço mais de me impor tanto... passei dos 30 
com força, e só a existência do outro e a minha própria já impõe o suficiente
a mim e ao próximo... fora isso, me vejo como irmã das duas pessoas que
apertaram o gatilho de provocações bobas essa semana, e essa atitude não
me pegou de surpresa em nenhuma das duas pessoas, mas a minha própria sim.
Quando fui ver, envelheci, e ao invés de sentir necessidade de responder, eu ri.
Saber quem se é, hoje, no mínimo, em alguma porcentagem confortável,
 dá essa paz e resiliência, de abrir mão de trocar com aqueles que não se colocam 
para debate e sim para distribuir pontos finais, não cabe a mim acrescentar 
vírgulas, mas sim, receber os pontos finais e aceitá-los com resiliência, contemplá-los.


Apenas isso. A contemplação e a aceitação sem mágoas de algo que poderia ter 
sido um desapontamento é uma dádiva que eu nunca esperei sentir legitimamente.
Nunca fez parte de mim esse sentimento e experimentá-lo foi um presente.
Aceitar o próximo em tudo, inclusive na pontuação brusca da dialética e do fluxo.
Neo, Magneto, Aeon Flux trazem sempre essa metáfora de devolver o metal
a quem o lançou... não me representam mais e eu nem sabia...
Não sinto preguiça de revidar, é piedade e compaixão mesmo.
O outro é diferente e belo. Mas isso eu já sabia. 

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